
Sobre birras, frustrações e tarefas domésticas
“Meu filho de 7 anos fez escândalo no mercado, com direito a gritaria, sapateado, desobediência e coisas jogadas no chão, porque eu não comprei o que ele queria. Após receber as negativas, ele me perguntou: ‘você trabalha para quê então?’
Agora em casa, eu estou tomando minha cerveja gelada e meu filho está limpando o banheiro, porque eu trabalho para isso, para ter meus momentos.”
Esse depoimento viralizou recentemente nas redes sociais e gostaria de aproveitá-lo para contar um pouco de como a Educação Financeira Infantil funciona na prática!
Primeiro de tudo, te convido a destrinchar esse depoimento em partes menores.
Entendo que, se estamos falando de uma criança saudável de 7 anos de idade, não me parece mais do que um episódio de birra. Claro que envolveu falta de autocontrole, montes de estresse e frustração e ainda, terminou com alguma agressão verbal.
Mas uma criança dessa idade TEM discernimento do que é certo ou errado, do que é permitido ou não, do que agride e machuca, mas não tem ainda MATURIDADE EMOCIONAL para lidar de forma equilibrada com situações que envolvam grandes níveis de frustração. Vamos lembrar que não sabemos ao que essa criança foi exposta antes, seja de forma contínua ou pontual. Que sabe não foi a gota d’água de um dia (ou dos últimos 90 dias de confinamento)? Impossível afirmar.
Exposto isso, então devemos entender que foi um momento específico e simplesmente “deixar pra lá”? Não, definitivamente não. Mas conversas francas devem acontecer, limites devem ser impostos e ainda, combinados antes de sair de casa, feitos.
Alguns exemplos de como esses combinados podem acontecer na prática:
“Filho, você terá R$10,00 (20? 50?) para comprar o que quiser no supermercado. A escolha é sua e não darei mais dinheiro, caso escolha um item mais caro do que seu orçamento permite. Mas, se sobrar dinheiro, o troco é seu.”
“Filho, hoje você vai ter a missão de trazer esses produtos para mim (detalhados numa lista). Lembre de trazer essa marca e esse tamanho de embalagem”.
“Filho, hoje você dirige o carrinho. Você está preparado? Vai ficar pesado. Além disso, vou deixar com você a tarefa de comprar as guloseimas da semana”.
São simples exemplos (e apenas isso – não estou sugerindo que a criança fique zanzando sozinha pelo supermercado) e você percebe como toda a situação muda?
Tratamos a criança como protagonista; damos algum poder de decisão à ela; abrimos caminho para o amadurecimento. A criança não é privada de ter algo, mas sim, incentivada a fazer parte de algo, a contribuir e a aprender sobre a arte de fazer escolhas.
Essa é a vida financeira de qualquer um de nós, aliás. Sim, trabalhamos para comprar coisas que nos agradam e nos satisfazem, mas uma certa frustração financeira faz parte da vida. Infelizmente, a imensa maioria de nós não consegue comprar absolutamente tudo o que deseja, não é?
E por fim: atividades domésticas não são castigo! Elas fazem parte da nossa vida e não devem ser tratadas como punição ou ainda, remuneradas. Mas isso deixamos para um próximo texto!
Um beijo e até o próximo conteúdo sobre Educação Financeira Infantil na prática!
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