
A verdade sobre a ajuda financeira entre irmãos!
“Carol, meu marido sempre trabalhou muito. Mesmo antes de passar na faculdade, deu aula particular, estudou para concursos públicos e trabalhou durante toda a vida. Hoje temos uma certa estabilidade financeira. Moramos de aluguel mas estamos juntando para comprar nosso primeiro apartamento e temos uma certa liberdade de gastos. Só que os irmãos dele, não. É sempre ‘me empresta um pouco, por favor’. A gente até tem condição de emprestar, mas não acho justo, dado o tanto que meu marido trabalha, emprestar dinheiro para os irmãos que nem trabalham, e ainda dependem dos pais. Hoje meu marido falou: ‘acabei me afastando deles porque eu não quero sustentar ninguém’ e eu, confesso, fiquei com dó. Gostaria que você falasse sobre ajuda financeira entre irmãos.” (Ana, pelo Instagram)
Minha querida Ana, obrigada pela sua mensagem e sinta-se acolhida. Todos nós sabemos que esse tipo de situação não é incomum nas famílias e é um drama real. Na imensa maioria das vezes, essa relação de “você precisa ajudar o seu irmão, porque ele está precisando” é construída ainda na infância. Enquanto falamos de crianças, onde um dos irmãos é um POUPADOR e o outro, um GASTADOR, é bonito de ver o desapego com o dinheiro e a vontade de ajudar o outro. E pais e mães costumam valorizar essa atitude em casa, afinal, quem não gosta de ver harmonia e fraternidade debaixo do próprio teto?
Mas conforme os irmãos vão crescendo, o irmão gastador vai se transformando em um “folgado”, e o irmão poupador, em um caixa eletrônico 24h disponível, afinal, ele sempre tem algum dinheiro guardado e emprestar um pouco “não custa nada”. E assim, a relação de ajuda-financeira-obrigatória vai silenciosamente se estabelecendo.
Mais tarde, os adolescentes se transformam em adultos e o irmão poupador, em algum momento pode começar a dizer não para alguns pedidos de ajuda financeira. É então que ele acaba se transformando no filho “mesquinha”, ”metido” e “egoísta”. Existe uma cobrança (aberta ou velada) de que esse filho DEVE emprestar dinheiro ao irmão que precisa. O poupador sofre, se afasta e mesmo assim, muitas vezes acaba cedendo aos pedidos, apesar de viver o conflito: afinal, priorizar a sua própria vida financeira é errado? Não, NÃO É.
Cada um de nós é responsável pela relação construída com o dinheiro ao longo da vida, e certamente, pelo modo com que gastamos o dinheiro que temos. Penso não ser justo com quem aprendeu a poupar, priorizar despesas, investir e ainda, descobriu como ser mais valorizado na profissão ao receber um salário melhor do que a maioria, que seja obrigado a ajudar financeiramente os irmãos, seja de forma pontual ou constante.
Eu sempre digo que “ajudar” significa exatamente isso: contribuir quando PODE, quando QUER e com QUANTO quer. Irmãos têm a sua própria vida e mais tarde, sua própria família. Na minha opinião, jamais deveria ser esperado que um irmão estivesse sempre disponível financeiramente para o outro (salvo situações específicas, como dependência por problemas físicos e mentais que não é o tema aqui).
Quando os pais e irmãos não entendem que os filhos crescem e têm, mais tarde, seus próprios compromissos financeiros com a própria família constituída, o JULGAMENTO e o DISTANCIAMENTO são INEVITÁVEIS. Quanto antes se entender que cada filho terá a vida financeira referente às suas escolhas longo da vida, melhor. E isso começa na infância 💟.
Um beijo e vejo você no próximo conteúdo sobre Educação Financeira Infantil. Até mais!
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