
Ganhar dinheiro ou buscar realização pessoal?
Hoje eu trago um grande dilema da parentalidade. Devemos incentivar nossos filhos a ganhar dinheiro ou a fazerem o que gostam? Sem dúvidas, essa questão pode nos tirar o sono. Pesquisas feitas sobre a satisfação na carreira com adultos de 30 anos apontam que mais da metade dos entrevistados não está feliz com os caminhos escolhidos. Como certamente não queremos ver nossos filhos contribuindo para esse percentual, acabamos, na melhor das intenções, orientando da seguinte forma:
“Meu filho, o negócio é ser doutor. É aí que se ganha dinheiro”; “Professor morre de fome, minha filha, escolhe outra coisa”; “Esquece o dinheiro, meu filho. Vai no que seu coração mandar”.
Mas será que estamos no caminho certo? Como todo cenário é composto por vários pontos, trago os pontos positivos e negativos dessas duas escolhas a seguir.
Trabalhar pelo dinheiro
Verdades sejam ditas: ganhar dinheiro é um desejo, arrisco dizer, unânime. Ninguém quer ser dependente financeiramente para sempre ou se privar de algumas coisas por não ter recursos suficientes. Mas a parte difícil dessa escolha começa já na adolescência, quando o jovem se vê obrigado a estudar para uma carreira com a qual não se identifica.
Esse jovem se transforma em um adulto um tanto triste, rancoroso e frustrado por não ter aproveitado melhor seu tempo e energia ao trabalhar em algo que lhe satisfizesse pessoalmente. Vejo mais um integrante para o time dos que trabalham mirando no final de semana para que seja possível anestesiar sua insatisfação no trabalho.
Outro ponto a ser considerado é que bolso cheio não garante felicidade. A felicidade depende de vários fatores, e claro que a renda é um deles, mas a ciência já afirmou que ter dinheiro não é sinônimo de uma vida feliz e plena.
Trabalhar fazendo o que gosta
Trabalhar por realização pessoal na teoria é mais simples do que na realidade. Arte, desenho, música, teatro, culinária, dança… são atividades que historicamente, não são tão bem remuneradas. Será possível ter sucesso financeiro com elas?
Certamente que sim, desde que aliado o talento à disciplina, pois milagres não existem. Uma boa iniciativa para ajudar filhos adolescentes nessa tomada de decisão é procurar por grupos de pessoas que compartilhem desses mesmos gostos e se informar (ou ajudar o adolescente a entender melhor), o que essas pessoas fazem, como viver disso, quanto vale esse serviço no mercado. É uma oportunidade interessante também para saber também sobre escolas especializadas e cursos disponíveis no mercado.
O que devemos fazer
Se não temos, infelizmente, uma resposta pronta para esse dilema, precisamos de mais ferramentas para ajudar na tomada de decisão. Testes de aptidão, inserção do adolescente em comunidades e grupos que atuem na área desejada e acompanhamento profissional são algumas das opções.
O que definitivamente não fazer
Precisamos evitar algumas armadilhas. Não responda às indagações com: “Eu sempre quis ser dentista, por que você não tenta?” ou “Eu sou um engenheiro frustrado. Nunca consegui fazer essa faculdade, quem sabe não é uma boa para você”, ou ainda, “Advocacia está no nosso sangue. Você já sabe que, se você fizer a faculdade de Direito, tem trabalho garantido na família”.
Todos sabemos que nossas intenções são boas, mas nossos filhos não devem herdar nossos desejos e reparar frustrações que não são deles.
Cá entre nós, a grande verdade é que a escolha sobre o que fazer da vida nos persegue por vários anos, mesmo que estejamos em um emprego estável, mesmo que sejamos bem sucedidos e mesmo que tenhamos um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Ninguém escapa dos dilemas existenciais e escolhas difíceis da vida.
Que tenhamos a sabedoria de conseguir orientar nossos filhos para o futuro profissional saudável financeiramente, permitindo ao mesmo tempo que se sintam livres para escolher o que lhes completa a alma. Difícil, não? Mas são os desafios da parentalidade e sinta-se acolhid@ nessa missão de enriquecermos nossos filhos.
Um beijo vejo você no próximo conteúdo sobre educação financeira infantil. Até mais!
Sugestão de leitura: Elizabeth Dunn, Ph.D Dinheiro feliz – a arte de gastar com inteligência.