
“Quero incentivar meu filho a poupar para comprar um celular, mas não sei como!”
“Carol, meu filho de 11 anos quer muito um celular mas não sei como incentivá-lo a guardar dinheiro para comprar o aparelho. Levará anos!”
Letícia, pelo whatsapp.
Minha querida, obrigada pela sua pergunta e concordo com você. Levará anos mesmo. Não estamos falando de um brinquedo de cem, duzentos, trezentos reais. Estamos falando de aparelhos que custam dois, três, cinco mil reais (como você bem deve saber, o céu é o infinito…)
Sem dúvidas é um desafio, mas me pergunto: será que esse deveria ser o desejo de consumo de crianças abaixo de 12 anos? Cabe a nós, pais, direcionar os desejos de consumo dos filhos e colocá-los à par da realidade: “filho, com o seu dinheiro da mesada, não é possível comprar um celular como você deseja. Temos dois caminhos: ou você herda o meu aparelho QUANDO EU FOR TROCAR (nada de acelerar a troca – conheço esse coração mole de mãe 😂) ou você paga por parte de um aparelho que EU escolherei, de acordo com o que posso gastar com isso”.
Quando ensino sobre Mesada Educativa nas minhas palestras, sempre peço para que os pais norteiem os desejos de consumo dos filhos: NADA TÃO BARATO que não seja necessário nenhuma poupança e NADA TÃO CARO que leve mais de 1 ano de mesada guardada.
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Se o foco da educação financeira de crianças de até 12 anos é sobre aprender a poupar e priorizar, quando falamos de ADOLESCENTES, as coisas mudam um pouco. A partir dos 12 anos já é possível incentivá-los a dar aulas de reforço escolar para os amigos e a cuidar dos animais e plantas dos vizinhos que viajam, por exemplo. Essas iniciativas impulsionam o jovem a desenvolver “ideias geradoras de dinheiro” e que podem ser executadas sem atrapalhar o foco dessa idade, que deve ser na escola.
Crianças que ganham celulares ou aparatos tecnológicos caros crescem entendendo que ter coisas desse valor é um direito adquirido, portanto, a valorização desses objetos é muito diferente da apresentada por quem trabalhou, poupou até conseguir comprá-los.
Vejo vários pontos relevantes para uma boa educação financeira na sua pergunta: alinhamento de expectativas, definição de prioridades e planejamento de compra são alguns dos principais e acredite, isso é pura educação financeira infantil na prática.
Pode nos cortar o coração ver o quão pouco a mesada proporciona, mas lembre que essa ferramenta de educação financeira infantil não tem como objetivo permitir que a criança compre itens que custam na casa dos milhares. Além disso, passar por certas frustrações financeiras faz parte do desenvolvimento da maturidade financeira, uma habilidade aprendida por todos nós. Entenda que essa frustração faz parte do processo e sinta-se acolhida nesse desafio chamado maternidade.
Um beijo e vejo você no próximo conteúdo sobre Educação Financeira Infantil. Até mais!
Carol Stange
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